Se você estivesse no Texas na primavera, poderia ter visto algo incomum em um parque no subúrbio de Garland, em Dallas.
Como sempre, no Bass Park, as crianças jogam futebol. As pessoas levam seus cachorros para passear e saem com suas famílias. Mas quando você olha mais de perto, percebe dezenas de pessoas se preparando para jogar uma partida que é no mínimo incomum nos Estados Unidos: é uma partida de críquete.
“O críquete já é popular [no Texas] e não demorará muito para que tenha um enorme sucesso nos Estados Unidos”, diz Kumaran “Kenny” Thirunavukkarasu, ex-jogador de críquete profissional que fundou a Texas Cricket Academy em 2013. para popularizar o esporte em seu estado adotivo. “Adoro tanto este desporto que não consigo fazer mais nada”, admite.
Para muitos americanos, o críquete é tão misterioso quantoFutebolé para muitos estrangeiros. Os historiadores acreditam que o críquete se originou na Inglaterra há mais de 400 anos e se espalhou pelas antigas colônias da Coroa, especialmente no Sul da Ásia e nas Índias Ocidentais.
O jogo é semelhante ao beisebol: após acertar uma bola com um taco, os jogadores correm de um ponto a outro do campo, seguindo um determinado circuito. Mas as similaridades acabam aí. No entanto, o críquete tem centenas de milhões de fãs espalhados por todo o mundo. E agora esse amor está florescendo nos Estados Unidos.
Se tudo correr como planejado, oCríquete da Liga Principal* poderá muito bem ver a luz do dia nos Estados Unidos dentro de alguns anos, com equipes em Dallas, São Francisco e Los Angeles, por exemplo. Por enquanto, trata-se de importar jogadores profissionais de outros países, na esperança de que, com o tempo, mais americanos estejam à altura da tarefa.
O críquete é especialmente popular em cidades com grandes populações de imigrantes do Sul da Ásia ou do Caribe. (Muitas vezes são cidades com economias tecnológicas locais prósperas*.) Hemant Buch e sua esposa, Kinjal, estabeleceram uma das primeiras organizações de críquete da América, a California Cricket Academy, em 2003, na área da baía de São Francisco, lar de quase meio milhão de pessoas de origem sul-asiática. Essa organização sem fins lucrativos, no entanto, atrai jogadores de outras origens, pois administra programas em conjunto com parques municipais e departamentos de recreação em lugares como Cupertino, Califórnia, onde está sediada a Apple Incorporated, a empresa de tecnologia de consumo que fabrica o iPhone.
“Nós nos beneficiamos de muita diversidade”, diz o Sr. Buch. Eu vi uma mulher em uma partida lendo um livro chamadoCríquete para Leigos(Cricket for Dummies), que eu nem sabia que existia.”
As academias do Texas e da Califórnia concentram-se no treinamento de crianças porque os jovens atletas tendem a se apegar ao esporte. Muitas vezes este não é o caso dos adultos.
Não acredite que este esporte seja reservado aos meninos. Na verdade, em julho, a seleção feminina sub-19 dos EUA derrotou Trinidad, tornando-a a equipe invencível no primeiro campeonato feminino de críquete das Índias Ocidentais Sub-19 T20.
É uma história americana clássica. Longe dos estádios e das luzes, os imigrantes trazem o seu amor por um esporte para os Estados Unidos e o popularizam entre a sua população adotiva. Buch vê jovens brincando nas ruas ou em terrenos baldios na Bay Area, como ele próprio fazia na idade deles.
E Thirunavukkarasu diz que os jogadores mais velhos de sua academia estão encontrando tempo e espaço para jogar em Dallas, como sempre esperaram que pudessem. “Eles estão realizando seu sonho”, comemora.
Este artigo foi escrito pelo freelancer Tim Neville.
*Em inglês
